Os ossos não estão sozinhos como estruturas mais fortes da natureza. Seja para dar sustentação ao corpo, seja como mecanismo de proteção elas são incrivelmente resistentes. Conheça algumas.
Já reparou que depois dos ossos e dentes, os animais têm diversas estruturas fortes e resistentes para sustentar o corpo, capturar as presas, se proteger e conseguir sobreviver aos seus principais predadores? Isso é tão fantástico que, inclusive, muitas delas servem de “bioinspiração” para armaduras humanas.
Carapaças, conchas, garras, chifres, bicos…
Conheça as principais armas de proteção e sobrevivência do reino animal que servem como objetos de estudos para a criação de trajes para operações policiais especiais ou resistentes engenhocas de guerra.

CARAPAÇAS E CONCHAS

As carapaças e conchas se parecem com uma casinha, mas são muito mais do que isso. Além de abrigo, garantem a proteção ao corpo do animal e funcionam como verdadeiros escudos à prova de predadores famintos.
Você já deve ter visto uma tartaruga ou mesmo um tatu escondendo a cabecinha dentro do casco, um caracol passeando pelo jardim, um caranguejo, um ouriço ou uma concha na praia. Quando ameaçadas, algumas espécies recolhem cabeça, braços, pernas e antenas dentro das ranhuras especiais.
Muito dura e resistente, a peça é formada de placas ósseas chamadas de osteodermos, que se fundem às vértebras e costelas do animal e é formada por queratina – a mesma proteína de que são feitos os chifres, cascos, penas e garras.
De tão rígido e seguro, esse sofisticado mecanismo de defesa animal serve de inspiração também para a proteção humana. Pesquisadores da Universidade McGill, no Canadá, criaram um material feito de placas de vidro segmentadas em hexágonos, tal qual a carapaça do tatu, se revelando 70% mais resistente a perfurações.
Já o besouro da família Zopheridae, que vive no sudoeste dos Estados Unidos e México, pode ser atropelado por um carro e ainda assim sobreviver! Sua super carapaça serviu de inspiração para BAE Systems, empresa prestadora de serviços de defesa, que desenvolveu sistemas de suspensão para permitir que veículos militares suportassem danos por explosões. 😮 Incrível, não é mesmo?

Se você acha que parou por aí, espere para ler mais essa aqui. Os abalones, tipo de molusco comestível e famoso por colorir jóias, vivem em uma concha que mais parece uma estrutura de concreto. Produzida por muitas camadas de carbonato de cálcio (o mesmo material do giz), elas são unidas por uma “argamassa” de proteína que permite às placas deslizarem amortecendo um impacto, sem que a concha seja estilhaçada. Diferente do giz que pode ser quebradiço, as conchas de abalone são como placas de tijolos extra fortes, e há 20 anos servem de inspiração para a confecção de armaduras à prova de bala para o Exército e polícias dos Estados Unidos.

CHIFRES
Eles chegam a dar medo. Ninguém se atreve a passar pelo pasto ao avistar um touro com seus enormes e imponentes chifres. Eu, hein?!
E é melhor cautela mesmo. Isso porque os chifres servem de arma para os animais – para se proteger de ameaças, durante a disputa por território ou comida contra espécies inimigas, ou pela liderança do grupo contra animais da mesma espécie, mas também como arma de sedução. Sim, os machos utilizam os chifres no momento de cortejar a fêmea para o acasalamento, símbolo de que o animal tem experiência e pode defender sua prole. Aliás, em algumas espécies, os chifres não são exclusividade dos machos, eles podem estar presentes também nas fêmeas.
Ocos e geralmente pontiagudos, são feitos de queratina (olha ela aqui de novo!) e se prendem no osso da cabeça do animal. Em sua grande maioria, os animais de chifres possuem um par deles, sendo um de cada lado, porém podem variar de tamanho e forma.

Você sabia que os animais não nascem com chifres?
Eles só se desenvolvem à medida que o bicho cresce.
Curiosidades: Animais com falsos chifres
- Apêndices parecidos com chifres podem crescer na cabeça do cervo e alce. Se sentiu enganado? Eu também! Uma vida acreditando que a família de Bambi e as renas do Papai Noel tinham belos chifres, quando na verdade, são ossos com revestimento aveludado que a cada ano se desprendem e são renovados;
- Algumas espécies de lagartos, como o lagarto diabo-espinhoso que vive na Austrália, têm saliências ósseas muito parecidas com chifres;
- O chifre menorzinho do rinoceronte, na verdade, é um acúmulo de pelos endurecidos grudados uns aos outros, assim como as girafas que ao invés de chifres possuem crescimentos ósseos nodosos cobertos de pele e pelos.

BICOS
Os bicos das aves têm variadas funções, mas a principal delas está em conseguir alimento para si e para os seus filhotes e, por essa razão, seu formato e tamanho influenciam em como as aves conseguem realizar essa tarefa.
Um pequeno beija-flor possui um bico extremamente fino com a língua bem comprida para facilitar a sucção do néctar das flores e contribuir para o processo de polinização; Por sua vez, o bico do pica-pau é reto, formato ideal para abrir buracos nas árvores e remover os insetos que vivem dentro da madeira; Já o exuberante flamingo, tem em seu bico curvilíneo, pequenas placas que funcionam como verdadeiras peneiras para filtrar a água e separar os pequenos crustáceos dos quais se alimenta; Habitantes das florestas tropicais, os tucanos se destacam pela beleza de seu longo bico amarelo-alaranjado que o ajuda a se encaixar nos espaços ocos das árvores e retirar ovos e filhotes de outras espécies.
Mas além de caça-alimentos, os bicos auxiliam as aves na importante missão de construir seus ninhos, na limpeza das próprias asas ou dos filhotes, e até como forma de demonstrar carinho ao fazer cafuné em outra ave do próprio bando.

GARRAS
As garras dos temidos leões, ursos, onças ou de muitos outros animais selvagens são poderosas estruturas que crescem curvadas para baixo na ponta dos dedos e são muito afiadas.
Da mesma forma que os bicos, seu formato e função podem variar entre as espécies e necessidades de cada animal. Nos felinos, por exemplo, elas são retráteis e ficam escondidas dentro da almofadinha dos dedos; já nas nas águias e demais aves de grande porte, elas se tornam fixas e compridas para facilitar a captura das presas durante o voo.
São também usadas como armas de proteção contra predadores, para segurar com força suas presas, como suporte para escalar os troncos das árvores, para se fixar em substratos ou apenas se coçar.

CASCOS
Anota aí, apesar de serem encontrados nas extremidades das pernas, os cascos não são pés. Na verdade, eles servem de revestimento para dar mais rigidez aos dedos e não machucar animais que costumam andar longas distâncias como cavalos, bois, vacas, veados, carneiros e camelos. Perfeita como ela só, a natureza não cria nada que não faça sentido.
Mesmo com sua aparência maciça, o casco é composto por duas camadas: a parede, parte mais externa e rígida, feita de células mortas, e a ranilha, parte mais interna de tecido esponjoso que protege a pata do animal da rigidez da parede, e também bombeia sangue por todo o casco.

Conclusão
De muitas outras curiosidades é feita a anatomia animal, mas só com o texto de hoje já dá pra ficar instigado a estudar a biologia mais a fundo. Assim como o esqueleto humano, feito de cálcio, que faz as vezes de uma caixa protetora para os órgãos mais delicados, outras estruturas fortes e resistentes nos animais também são mecanismos sofisticados de movimentação, proteção, sobrevivência e evolução.
Antes de ir, considere ler outros artigos do nosso blog! Esperamos que você goste tanto de lê-los quanto gostamos de escrevê-los. Até a próxima 🙂